sábado, 19 de outubro de 2019

ACHADOS DE UM GRIMÓRIO



A maior punição que você pode receber como fruto de seus pecados, é a volta à condição natural ao seu nascimento, e o que por hora tenho simplesmente chamado de a Inexistência apenas.

Eu acredito no inferno como um evento futuro, mas desconfio do entendimento dos primeiros homens de fé, e como doutrinariamente é ensinado na atualidade. Tipo, não acredito mais na sua característica eterna (para todo o sempre), e me pergunto se esse ensinamento mais agrada nossos egos (pobres mortais, mesmo debaixo de uma eleição não por merecimento, se julgam mais aptos do que aqueles, talvez por sua aparência ou pior por sua caminhada...) do que realmente satisfaça Aquele que está por trás de tudo.

E se há algo que mais temo hoje, mais do que o inferno, mais do que a morte (ou pior da morte sem antes atingir nosso potencial ou nossos ideais cobiçados, que é assustador também) é não existir novamente, ainda mais depois de ter experimentado da existência, as nossas histórias, nossas emoções, cada momento bom vivido. Eu temo isso, pois é muito possível acontecer. A morte é algo assombroso sem dúvida, mas por hora ela somente atingirá seu aspecto físico, mas você continuará através de sua alma, seu espírito. Mas a condição da inexistência é a última etapa reservada para a nossa história.

O inferno cumprirá o seu propósito, e quando isso acontecer ele será enrolado como um rolo e será mais uma das coisas jogada no mar do esquecimento, para nunca mais ser lembrado, nunca mais voltar a existir.

Oiapoque, AP.

domingo, 13 de outubro de 2019

SOBRE NOSSAS CABEÇAS


Eu estou na Avenida Karipunas próximo a famigerada feira da fumaça. É um dia ensolarado qualquer, após as estações chuvosas do primeiro semestre do ano. Estou no meu habitat natural, enfrente a casa dos meus pais.


Tudo parecia normal, até que num determinado momento, fui surpreendido por um acontecimento nunca visto antes. Infestando o nosso céu, vejo vários objetos voadores caindo sobre as nossas cabeças. Aviões de todos os tamanhos e formatos, helicópteros, algumas aeronaves espaciais e satélites, vejo também alguns objetos que não consigo identificar, me parecendo ser alguns daqueles primeiros projetos espaciais da NASA.


E um detalhe chamou atenção, a forma como eles caiam e a direção. Caiam em diagonal, na direção do rio Oiapoque, alguns caiam nas montanhas do território guianense. Uns rodopiando, outros enfumaçados. Vi um satélite enorme, e um avião também, pois estava bem próximo de colidirem. Vi um helicóptero que parecia ser militar, caindo como se tivesse sido abatido. Quando percebo que mais iam surgindo, viro de costas para o rio olhando para o alto, e mais deles vinham caindo. Sem reação alguma só consigo contemplar aquilo.


Mas não se engane, pois a visão não era de guerra, de conflitos no céu. Não havia desespero ou gritaria. Não verdade eu não conseguia ouvir nada. Não era um cenário de horror. Talvez tenha ficado tão impactado pelo que via, que a minha audição diminuiu para que a minha visão ficasse mais aguçada, e ver com exatidão o que tinha que ser visto... O despertador do celular toca e me acorda. Todo ensopado levanto da cama, dou um tempo para que o resto do corpo acorde para acompanhar o cérebro. E nisso fico tentando processar e assimilar novas informações do mesmo sonho tido pela centésima vez.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Oiapoque Deus Vult from The-PI.


Alguns anos atrás numa certa noite, em um lugar recluso reservado para nós, ele disse.


_Vês aquelas estrelas? Sim.
_Eu nomeie cada uma delas, e chamo cada uma delas pelo seu nome.

Ele dizia isso numa tentativa de me convencer de que nunca se esqueceria de suas promessas. Mas ficou claro também naquela conversa que não aconteceria da forma como imaginava, que na verdade ele pouco se importara como eu esperava que aconteceria.

_ Eu não tenho parte com suas imaginações. O que acontecerá, será da forma como eu desejo, no lugar e no momento oportuno.

Deus Vult from The-PI.
Mr Gués.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Oiapoque - Primavera




Indubitavelmente o espírito é anacrônico, apesar da alma não. Ela de fato é desta geração.

Respeitarei o limite de sua estrutura psicológica, disse ele.

_Mas andaremos em conhecidos caminhos antigos.
Enquanto uma multidão secreta tem o privilégio de suas habitações subterrâneas, com você será diferente. E esta noite não haverá fogueira, minha presença nos manterá aquecidos_.

Eu adoro as canções das madrugadas. A liberdade na dança. E quando menos espero tudo está acontecendo invertidamente.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Textos & Reflexões Oiapoque


Cante-me uma canção sobre uma moça que se foi.
Diga-me, poderia essa moça ser eu?
Com sua alma feliz, ela partiu num belo dia,
Para além das grandes matas.
O mel estava pronto, e o rum posto a mesa,
E a satisfação também estava nesta direção.

A glória da juventude brilhava em sua alma,
Mas pergunto onde está aquela glória agora?

Dê-me mais uma vez tudo que estava aqui,
Dê-me o sol que brilha,
Dê-me os olhos,
Dê-me a alma.
E quero o Rapaz que também se foi.

Ondas e brisa, ilhas e mares,
Montanhas de chuva e sol.

Tudo que era bom, tudo que era justo.
Tudo que era eu se foi.

Cante-me uma canção sobre uma moça que se foi.
Diga-me, poderia essa moça ser eu?





 Eu era um ser celestial, mas romperam as minhas asas.
E me arremessaram bem aqui, Neste Lugar.
Disseram que deveria aprender uma Grande Lição.
E acho que depois de tanto tempo, eles acabaram se esquecendo de mim.

Mas não importa, pois me readaptei, depois de um tempo me tornei bom nisso.
Só que às vezes me sinto um peixe fora d’água, não importa o lugar (norte, sul, leste...).
Até onde chamava de lar, me faz sentir um completo estranho.

E na última noite não consegui prosseguir, senti muitos olhos sobre nós.
Virei pro lado, e depois da vergonha veio um intenso e sincero sorriso.
Perguntou-me:_ O que houve?_ Não adiantava explicar, pelo menos não naquela ocasião.

ESTE LUGAR é tão incrível, me fascino com esse céu tão azul, apesar do meu habitat ser as longas noites.
Talvez eu ainda fique por aqui, por um bom tempo, talvez me molhe novamente nas chuvas da próxima estação.
E quem sabe no próximo verão dancemos, de novo, mais uma nova canção pelas madrugadas serenas.
Meu espírito se agita por ai em certas ocasiões incertas, me lembrando que vocês ainda estão de sentinela.




Quando Eu Crescer F. R.

Quando eu crescer, quero ser um habitante da floresta.
Correr no musgo com saltos altos.
Isso é o que eu vou fazer, lançar um bumerangue,
Esperando que ele volte pra mim.

Quando eu crescer, quero viver perto do mar.
Garras de caranguejo e garrafas de rum.
Isso é o que eu vou ter, olhando fixamente para a concha,
Esperando que ela me abrace.

Eu sou muito boa com plantas.
Quando meus amigos estão longe,
Elas me fazem manter o solo úmido.
No sétimo dia eu descanso
durante um minuto ou dois
depois volto em meus pés e choro por você.