segunda-feira, 19 de março de 2018

NO DIA DO SÃO JOSÉ


Corajoso mesmo é o Padroeiro ali, que nunca pegou uma carreira daquela região.



Gosto dessas histórias de terror, já passei por alguns sufocos. Sempre morei em casas de aluguel em Teresina-PI, e trago algumas lembranças da última casa que estive. Na madrugada de toda quinta-feira acontecia algumas coisas bastante incomuns, com o tempo me acostumei.

A casa tinha 3 cômodos e uma varanda razoável. O dono da casa era um senhor já de idade bem avançada, que tinha um problema na coluna que o fazia andar vergado. Não consigo lembrar quanto tempo passei ali, talvez uns 06 a 08 meses. E com o passar do tempo comecei a notar que acontecia umas bizarrices naquela casa, e isso foi chamando a minha atenção, não era sempre, e também não demorou muito tempo para notar que só acontecia nas quintas-feiras, daí comecei a registrar isso somente no pensamento, na próxima quinta acontecia algo estranho de novo, aí pronto, me convenci de que a quinta-feira era o dia da diversão naquela cozinha.

Mas antes de sacar a coisa toda ouça, Teresina é um cidade muito quente. Certa noite agoniado daquele calor na madrugada, peguei o colchão e fui para o cômodo mais arejado da casa, que sempre é a cozinha. E como estava com muito sono, já fui deitando no piso o colchão, deitei e dormir. E passando alguns minutos alguma coisa começou a me sufocar, deitou sobre o meu peito, e foi uma grande agonia, e uma luta terrível para se livrar daquilo, somente quando invoquei o nome de Jesus, aquilo parou. Levantei do colchão atordoado e olhando para os lados não enxerguei nada suspeito. Somente a porta da cozinha aberta com a grade fechada, que eu deixei para ficar ainda mais arejada, como a casa era murada não tive medo que alguém pudesse entrar.

Depois que me tranquilizei, e ainda como muito sono, voltei a deitar no colchão, acreditando que foi só um pesadelo. Alguns minutos se passaram e voltei a cair no sono, e de novo fui atacado da mesma forma, seja lá o que era aquilo, deitou sobre o meu peito e me sufocava, com tamanha força, que eu tentando me esquivar e sair daquele chão não podia, e sendo sufocado, desesperado tentando gritar:  _ Deus me ajud...vou morrer desse jeito? JES... As frases, as palavras não saiam por completo, porque aquilo se prevenia em não deixar que saísse, tampava a minha boca. Até que num momento de tanta insistência conseguir invocar:_ J E S U S... e aquela força sobre mim, foi retirada, e na hora que sentir a liberdade, fui levantando as pressas, fechando a porta da cozinha, pegando o colchão e voltando para o meu quarto. Muito desesperado, sem dúvida. Aquela adrenalina me deu tanta energia, que demorou voltar o sono, mas no fim lá pelas 5:00h consegui dormir.

Bom, poupando os detalhes da semana que se seguiu, vamos ao relato de um antigo amigo.

Depois dessa semana de terror, fui surpreendido por um amigo, que estava em crise no antigo casamento, e pediu para dormir em casa. Ele é um grande cara, fundamental para a minha estabilidade nessa cidade. Sem citar nome, mas para dar credibilidade no meu relato, no Grande Dirceu, a fama dele é grande, pois é a única loja de tatuagem, até à época desses acontecimentos, em toda a região do Grande Dirceu. Ele dormiu em um colchão na sala, e quando amanheceu a quinta-feira, para a minha surpresa durante o café da manhã, a primeira coisa que ele me fala, que tinha acontecido algo estranho com ele na cozinha. Meu corpo se arrepiou em ouvir aquilo. _ Sério cara? Uau! O que aconteceu?

E comentando, ele simplesmente fez a mesma coisa que eu fiz na semana passada. Devido ao calor comunal de Teresina, ele foi para a cozinha tentar dormir. E quando do nada ele foi surpreendido por alguma coisa que o sufocava. Lutou com aquilo e quando conseguiu se livrar, na ingenuidade tentou se convencer que foi só um pesadelo, uma coisa de sua cabeça. Tentou voltar a dormir, e de novo aconteceu. E ele sentiu que aquilo não o deixaria dormir sossegado ali. Então voltou para a sala e dormiu. Agora quem conhece o meu amigo, sabe que ele é duro na queda, não cede fácil para uma treta assim, nem na vida real, por todas as histórias que compartilhou comigo. Tatuador. Experimentado em muitas áreas. O que aconteceu naquela cozinha o fez ceder, porque de fato a coisa era muito Trash. Não era uma simples paralisia do sono. E eu bem já sabia disso. Afinal uma semana atrás, lá estava eu lutando para não "morrer".

Então compartilhei com ele o que acontecera comigo, e de todas as vezes em que aconteceu as bizarrices naquela casa, e que a madrugada de quinta-feira não era o bom momento para se está nela. O meu amigo ouvindo todo cauteloso, cuidou para não ceder impressionado e achou que era apenas coincidências. Isso sim era ele rs. Bom, sabe o que aconteceu como o tempo? Nada. Aprendi a respeitar o momento, do que quer seja aquilo que assombrava aquela cozinha. E nos dias que a bizarrice era grande, me acordando ou não me deixando dormir, estressado ou com raiva eu repreendia: _ Po*** não vai deixar eu dormir? Car****, não vai deixar eu dormir mesmo. Nem sempre era o terror, as vezes muito cansado da rotina da universidade, eu já caía no sono. Aí mudei de casa. Apareceu algo muito melhor, próximo da família que tenho aqui, e também da área comercial e do meu Campus. Aceitei na hora, não tinha nem o que pensar.

Mas me surpreendeu, foi ver que ao me despedir do dono da casa, aquele senhor já de idade bem avançada, chorou. Os meses que se passaram foram bastante tempo para ele criar uma afeição por mim, me abençoou e parti. E hoje uns 3 anos depois compartilho essa história com vocês, uma de várias que passei por aqui. A casa deve estar lá, alugada com outra família, nunca mais passei por lá. Nem fui atrás pra saber o que era aquilo tudo. Nunca se quer compartilhei com o dono da casa pra saber se alguma tragédia tinha acontecido, no passado, naquela casa, pra ela ser tão assombrada nas madrugadas de quinta-feira.

Finalizando esse texto devo alertar o seguinte, se você acha que isso é alguma creepypasta, que eu sou algum fanfic adaptando e contando história, devo dizer que não. Isso é um fato real, que alguns íntimos já tem conhecimento. Eu, um natural oiapoquense morador na Av. Caripunas, próximo da feira da fumaça, que aos meus 18 anos no Oiapoque nunca se quer viver 5% dessa história, mas que ao chegar em Teresina, num tempo de 10 anos, o que muito tenho para relatar são histórias como essa. E os “demônios” ou essas manifestações que assombraram, não parecia como aquelas imagens de filme de terror: um monstro, com chifre, calda, de aparência horrível e cor de pela avermelhada enquanto segura seu tridente. Não. Mas eles tocam, irritam, interagem com a matéria. Nunca irei esquecer quando, caminhando sozinho numa rua deserta naquele momento, passando a calçada de uma fabrica de pães para a calçada de uma pequena capela católica, onde havia um degrau a subir. Algo tocou na minha panturrilha e deslizou até na parte inferior da perna, como que quisesse me puxar de volta. Num pulo me esquivei para frente e olhando as pressas para trás,  e para o meu terror não havia nada ali. Apenas a noite caindo, umas 18:00h para 19:00h. Foi assombroso esse dia. Tchau.

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