A vida é inexplicável.
Ao lado da atual ponte binacional era um
terreno muito extenso da minha Vó/Mãe, por muitas vezes íamos até o seu terreno
em frente à morna. Banhei muito lá. Na cheia do rio, entravamos por entre as árvores
a remo até chegar ao pé da montanha. Lembro da cabana, dos grandes pés de
abacate, uma caiu na minha cabeça. Chorei ^^. Muitas bananeiras.
Lembro que levei minha coleção
dos guerreiros do Power Rangers, onde acabei perdendo um, fiquei indignado ao
perder, tentava ter uma espécie de visão sobrenatural e ver se encontrava, mas
nada.
Na beira do rio quando vazava,
aparecia uma areia, branca e amarelada, a chamo de prainha. Meu falecido meio
irmão e mais alguns primos atravessavam a nado, da beira do nosso terreno
àquela prainha. Acredito uns 15 a 20 metros. Eu o mais novo da turma, chamado
por alguns como o filhinho da vovó, nem ousava, esperava por uma canoa para ir
até lá. Devo ter pisado naquela areia de duas a três vezes no máximo. Mas
lembro da alegria que foi fazer algo tão ousado. Corri naquela areia uns 10
metros a frente da onde desembarquei, o medo impediu de continuar, mas fiquei
impressionado em senti uma terra tão firme, não afundava como areia movediça.
Foi incrível aquilo, se a cobra grande existia lá embaixo ou existiu algum dia,
estive em cima dela ou do seu local de repouso naquele momento.
Mas a vida continuou e lembro que
a minha vó vendeu o seu terreno para um comerciante conhecido da cidade. Aquilo
foi uma grande surpresa, não gostei da venda, mas na época deveria ter uns 11 a
12 anos. Quem liga para o que a gente pensa numa idade dessa não é mesmo??
Depois, já mais jovem tive o conhecimento que foi vendido a preço de banana.
Não valia aquele preço, uma oferta desonrosa para a extensão daquele terreno. Mas
negócios são negócios tudo ocorreu de maneira legal. O que se podia fazer?
E do nada surgiu aquela ponte,
rasgando todo aquela mata fechada, atravessando de um lado pro outro as fortes
correntezas daquela região. Incrível. Quem poderia imaginar que um dia rs... Agora
já adulto, mesmo morando fora do Estado. Quando vejo aquela ponte ou imagens
como essa foto, e a minha memória volta ao passado, lembrando de como tudo era,
e que do nada aquele terreno foi embora. Pelo preço que foi. E que hoje com essa
ponte seria um terreno mais valorizado.
Como uma erupção cutânea no meio
da cara, me faz senti envergonhado ao olhar o passado. Esqueço da grandeza
daquela construção. Nem olho para a ponte, quando eu descer ou subir aquele
rio, minha memória, e é com lágrimas que escrevo isso agora, mas só irei lembrar
de todas aquelas lembranças naquele terreno, naquele rio e sobre aquela prainha.
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