sexta-feira, 16 de março de 2018

MORNA


A vida é inexplicável.



Ao lado da atual ponte binacional era um terreno muito extenso da minha Vó/Mãe, por muitas vezes íamos até o seu terreno em frente à morna. Banhei muito lá. Na cheia do rio, entravamos por entre as árvores a remo até chegar ao pé da montanha. Lembro da cabana, dos grandes pés de abacate, uma caiu na minha cabeça. Chorei ^^. Muitas bananeiras.

Lembro que levei minha coleção dos guerreiros do Power Rangers, onde acabei perdendo um, fiquei indignado ao perder, tentava ter uma espécie de visão sobrenatural e ver se encontrava, mas nada.

Na beira do rio quando vazava, aparecia uma areia, branca e amarelada, a chamo de prainha. Meu falecido meio irmão e mais alguns primos atravessavam a nado, da beira do nosso terreno àquela prainha. Acredito uns 15 a 20 metros. Eu o mais novo da turma, chamado por alguns como o filhinho da vovó, nem ousava, esperava por uma canoa para ir até lá. Devo ter pisado naquela areia de duas a três vezes no máximo. Mas lembro da alegria que foi fazer algo tão ousado. Corri naquela areia uns 10 metros a frente da onde desembarquei, o medo impediu de continuar, mas fiquei impressionado em senti uma terra tão firme, não afundava como areia movediça. Foi incrível aquilo, se a cobra grande existia lá embaixo ou existiu algum dia, estive em cima dela ou do seu local de repouso naquele momento.

Mas a vida continuou e lembro que a minha vó vendeu o seu terreno para um comerciante conhecido da cidade. Aquilo foi uma grande surpresa, não gostei da venda, mas na época deveria ter uns 11 a 12 anos. Quem liga para o que a gente pensa numa idade dessa não é mesmo?? Depois, já mais jovem tive o conhecimento que foi vendido a preço de banana. Não valia aquele preço, uma oferta desonrosa para a extensão daquele terreno. Mas negócios são negócios tudo ocorreu de maneira legal. O que se podia fazer?

E do nada surgiu aquela ponte, rasgando todo aquela mata fechada, atravessando de um lado pro outro as fortes correntezas daquela região. Incrível. Quem poderia imaginar que um dia rs... Agora já adulto, mesmo morando fora do Estado. Quando vejo aquela ponte ou imagens como essa foto, e a minha memória volta ao passado, lembrando de como tudo era, e que do nada aquele terreno foi embora. Pelo preço que foi. E que hoje com essa ponte seria um terreno mais valorizado.

Como uma erupção cutânea no meio da cara, me faz senti envergonhado ao olhar o passado. Esqueço da grandeza daquela construção. Nem olho para a ponte, quando eu descer ou subir aquele rio, minha memória, e é com lágrimas que escrevo isso agora, mas só irei lembrar de todas aquelas lembranças naquele terreno, naquele rio e sobre aquela prainha.

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